terça-feira, 25 de novembro de 2008

Gestão Democrática

A escola é o lugar onde a democracia deveria ser vivida no mais amplo sentido da palavra. Neste lugar deveria existir respeito às diferenças, onde a participação de todos fosse valorizada. No entanto, são muitas as razões que permeiam todas estas questões, tornando-as muitas vezes inviáveis. Os critérios pessoais e particularistas na gestão dos recursos da escola, ainda revelam uma gestão patrimonialista e autoritária, na qual o gestor impõe sua visão e opinião sob os demais. Isso desvaloriza o aluno, o professor, os pais como seres atuantes no papel de construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Faltam exemplos dentro do ambiente escolar, pessoas que realmente vistam a camiseta e legitimem suas convicções como educadores, ou seja, do que adianta falarmos em gestão democrática enquanto dentro da escola ainda existem pessoas que preferem agir de acordo com seus interesses pessoais, impondo regras aos demais? Ainda existem discursos democráticos forjados dentro das gestões atuais. Muitos de nós ainda não sabemos como lidar com a opinião de outros sobre nossa autonomia em sala de aula. Naturalmente que ela é justa e necessária, mas precisamos aprender sobre humildade. Onde reconhecer o que não está bom não significa fracassar, mas sim nos darmos a chance de transcender, de melhorar. Estamos em uma época de plenas mudanças, há muito a aprender ainda, embora não existam modelos prontos, existem experiências bem sucedidas, as quais precisam ser compartilhadas no intuito de enriquecermos nossas tentativas em melhorar o ensino. O PPP é um começo para uma tentativa de definir caminhos, mas algumas escolas elaboram seus PPP’s sem a participação dos principais agentes que constituem a escola. É fato que quanto maior for a participação na tomada de decisões, divergências surgirão. Será mais difícil de negociar, mas mesmo assim, será mais legítimo, pois isto revela a verdadeira democracia. As discordâncias são necessárias a todo processo de transformação. Neste caso existem as discussões, onde o respeito à opinião alheia será exercitado, onde cada opinião é importante para ampliar os horizontes sobre quais mudanças a escola necessita, sobre quais são as prioridades em termos de recursos. Enfim, embora tenhamos muitos desafios pela frente no sentido de aprendermos como se faz uma gestão democrática, precisamos nos permitir ousar e apostarmos em uma educação que priorize novos valores, onde discordar faz parte do processo de busca por um denominador comum. Um país com tanta riqueza cultural necessita urgente de uma ampla conscientização da população da importância de sua participação na construção da sociedade que queremos, um lugar onde todo e qualquer cidadão saiba que tem o direito de escolher sobre seu futuro e das futuras gerações.

Concepções e normas de currículo e de avaliação registradas no PPP e no Regimento de sua escola, respectivamente

- De acordo com a atividade solicitada, a mesma pediu que analisássemos o PPP da nossa escola. No entanto, ao pedir o PPP o único documento que me foi passado foi o Plano Global Participativo da Escola, pois a supervisora disse que era o único documento que tinham no momento. Acredito que a equipe deve estar em fase de elaboração do PPP da escola, visto que o mesmo é citado dentro do Plano Global “Participativo”. Nossa escola até possui intenções nobres em relação à avaliação. Eu, particularmente, avalio tudo o que o meu aluno produz ao longo do ano. Desde a organização, a forma de interagir em grupo, a construção do um pensamento crítico, enfim. No entanto, sei que algumas de minhas colegas não o fazem, ainda praticam a docência nos modos tradicionais. Realmente temos os momentos de auto-avaliação e o conselho participativo onde explicitamos em conjunto nossas construções e falhas, visando uma melhora em todo o processo de ensino-aprendizagem. Por outro lado, ainda existem as normas de avaliação que atribuem um valor quantitativo ao conhecimento. Concordo com o texto quando o mesmo se refere à classificação do aluno em parâmetros de conhecimento, quando a ele é atribuída uma nota. Sendo assim, são necessários muitos ajustes na nossa escola. Ainda me questiono muito em relação à falta de hegemonia entre os profissionais da nossa escola. Sei que nossa autonomia é algo imprescindível, no entanto, não cabe mais à escola permitir que ainda exista um tipo de educação nos modos tradicionais, ou seja, assim como existem profissionais excelentes há aqueles que ainda persistem em tentar impor o conhecimento como se este fosse algo inerente somente ao professor, onde o aluno não tem voz nem vez.
Portanto, a avaliação é um processo contínuo e muito subjetivo. Precisamos repensar nossas práticas e chegarmos a um denominador comum, onde possamos enxergar a construção do nosso aluno como o fator essencial em todo o processo de ensino-aprendizagem.
Já em relação ao currículo, segundo o texto, o ideal, em termos de PPP, o mesmo deveria contemplar um ensino com vistas à construção de conhecimentos e valores ao longo da vida escolar. No entanto, a realidade não condiz bem com tais preceitos, ou seja, na maioria das escolas o Regime Seriado visa somente à transferência de conhecimento para a inserção no mercado de trabalho. Esse é o caso da minha escola, embora os objetivos estabelecidos no documento que analisei sejam bem colocados. Na prática a realidade é outra. Concordo com o texto em relação ao Regime Seriado, o qual dispõe de um ensino separado em disciplinas, privilegiando um tipo de conhecimento, o qual não é compartimentado. Um tipo de ensino que se arrasta desde o Iluminismo e a Revolução Industrial, segundo Fritjof Capra (1982, p. 28)
[...] o método científico é a única abordagem válida de conhecimento; a concepção do universo como um sistema mecânico composto de unidades materiais elementares; a concepção da vida em sociedade como uma luta competitiva pela existência; e a crença do progresso material ilimitado, a ser alcançado através do crescimento econômico e tecnológico.
Portanto, a racionalidade não é o único caminho a ser seguido se quisermos construir uma sociedade mais justa e digna, com novos valores que não sejam o progresso material ilimitado e “cego”. Uma sociedade democrática e com menos desigualdades. A Comunidade Escolar não pode prescindir de novos valores na formação de seus alunos na hora de elaborar o seu PPP.

Gestão democrática na e da educação: concepções e vivências

Questões Norteadoras

- Como se dá a organização escolar em uma perspectiva democrática?
- Quais são os seus elementos, instâncias, processos?
- Como se dá a gestão escolar da escola em que você atua, comparando com a organização proposta no mapa?
- Quais as possibilidades/necessidades que você percebe a partir do que até agora foi estudado sobre Gestão Democrática?

De acordo com o texto lido, a organização escolar em uma perspectiva democrática deveria ter uma gestão que promovesse ações com a efetiva participação social. Tais ações deveriam garantir e mobilizar a presença de diferentes atores envolvidos no processo educacional, ou seja, pais, alunos. Professores, funcionários e direção, visando objetivos transformadores.
A gestão democrática requer autonomia e participação, envolvendo diferentes elementos e instâncias como toda a comunidade do entorno e seus agentes sociais, implicando em participação direta e através de representação. Além disso, a gestão democrática caracteriza-se pelo funcionamento do conselho escolar, da descentralização de recursos e do planejamento participativo.
No entanto, não tem sido essa a realidade em muitas de nossas escolas. Em uma das escolas que trabalhei foi promovido um discurso demagógico, fantasiado de democrático, para fazer com que, nós professores, pensássemos que estávamos participando da elaboração do PPP da nossa escola. Contudo, para a nossa surpresa, eis que surge, miraculosamente, um novo PPP com determinações completamente diferentes daquilo que havíamos discutido em nossas reuniões “pseudo-democráticas”. De acordo com o mapa conceitual, a gestão democrática caracteriza-se pela participação direta de todos os agentes sociais, diferentemente do ocorrido nesta escola. Apesar da transparência em termos de prestação de contas sobre o orçamento dos recursos adquiridos durante o ano pela escola, a mesma não dispunha de um planejamento participativo, onde são definidas prioridades em termos de recursos e de melhoria na aprendizagem dos alunos.
Então, refletindo sobre Gestão Democrática, acho que o processo democrático é fundamental. O texto menciona a complexidade social e a vulnerabilidade das massas como justificativa para uma democracia representativa. Se analisarmos o quadro atual da nossa sociedade, ela está estruturada em um modo econômico capitalista, onde as regras de mercado são aquelas que prevalecem. Realmente o quadro apresentado é bastante complexo se analisarmos as circunstâncias, tendo em vista a vulnerabilidade das massas, as quais precisam satisfazer seus instintos mais primitivos, como alimentarem-se todos os dias. Esta população tem o direito e o dever de participar das decisões que implicam em seu modo de vida. São necessárias mudanças que visem uma melhoria da qualidade do ensino, a qual pressupõe como princípio fundamental a participação de todos os agentes sociais envolvidos. No entanto, contradizendo todos os aspectos que visam uma melhora substancial no processo educacional, são inúmeras as intervenções que vem ocorrendo em nossas escolas, de uma forma impositiva e autoritária, por parte do estado. Realmente a maneira como tudo vem acontecendo nos mostra que a educação que está sendo apresentada a nós como modelo é aquela que prepara as massas para servir as demandas de uma economia globalizada. Mesmo assim, não devemos ser medíocres a ponto de “treinarmos” nossos alunos como soldados a servirem as necessidades do crescimento econômico. Precisamos mostrar pontos de vista variados em relação à realidade, ou seja, a medida que expomos diferentes ângulos sobre determinado assunto, promovemos a reflexão e a autonomia nos diferentes posicionamentos que surgem por parte dos alunos.
Portanto, a gestão democrática é o caminho para uma sociedade mais justa. Embora nossa realidade aponte para uma necessidade de grandes mudanças, temos muito o que aprender sobre a prática da democracia. Em primeiro lugar ainda há muito paternalismo e interesses pessoais dentro de nossas escolas. Tenho convivido com gestões que não querem mudanças, pois precisam ficar na escola até se aposentarem. Não existem espaços para discussões, organização, planejamento, enfim, o aluno é um mero detalhe dentro de algumas escolas. Sendo assim, antes de mais nada, nós enquanto atores, precisamos nos questionar sobre qual é o papel da escola que queremos? A troca de gestões é necessária e fundamental no intuito de contarmos com novas idéias para que possamos por em prática tudo o que almejamos como educadores, uma Educação de transformação.