sexta-feira, 10 de outubro de 2008

INDICADORES DE GESTÃO DEMOCRÁTICA E GESTÃO PATRIMONIALISTA - 08/09/08

Ao estabelecermos objetivos universais na gestão dos recursos da escola, estamos dando sentido ao significado de democracia. No momento em que a escola reúne a comunidade escolar com o intuito de discutir e propor decisões a serem tomadas em relação aos recursos da escola, ela valoriza a importância da participação de todos na construção do espaço escolar.
Por outro lado, critérios pessoais e particularistas na gestão dos recursos da escola, revela uma gestão patrimonialista e autoritária, na qual o gestor impõe sua visão e opinião sob os demais. Isso desvaloriza o aluno, o professor, os pais como seres atuantes no papel de construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Lembro de um fato que ocorreu quando comecei a dar aula em uma escola da rede pública, no Ensino Fundamental. Ao entrar em sala de aula percebi que o chão estava furado, as salas eram de madeira, havia muito cupim, os vidros estavam quebrados, as portas mal fechavam, enfim, um descaso total. No entanto, ao circular pela escola, a qual tinha uma outra parte de alvenaria, verifiquei que existiam várias salas de aula vazias, ou seja, eram salas com porta, vidros inteiros, eram salas praticamente novas. Então questionei algumas colegas do porquê de os alunos estarem estudando em um ambiente em estado de degradação, sendo que existiam outras salas novas fechadas? Aí fui informada que isso só acontecia porque a vice-diretora da escola dava aulas no período da manhã em uma dessas salas. Todavia, se tais salas viessem a ser ocupadas pelos alunos da tarde, da 5ª série, estes iriam estragar a sala, riscando as mesas, destruindo os trabalhos dos alunos da 4ª série do turno da manhã, enfim. Esses eram os fatos. Fiquei horrorizada com tamanha tirania por parte da vice-direção e com a cumplicidade e falta de ação por parte da diretora. Começou minha indignação diante dos fatos. Falei com minhas colegas de trabalho, conversamos sobre o absurdo que estava acontecendo, perguntei se alguma delas já havia questionado a direção e vice-direção sobre esses fatos. Elas disseram que sim e que não havia o que fazer, pois não cediam de forma alguma às reivindicações dos professores e alunos. Sendo assim, como eu havia recém chegado na escola, comecei a comentar com os alunos que eles tinham o direito de reivindicar o acesso a uma sala de aula em boas condições, afinal, existiam essas salas e elas estavam fechadas. Pedi que eles conversassem com seus pais sobre isso. O resultado foi que os pais fizeram um abaixo assinado, foram até a secretaria de educação e depois de alguns meses as salas foram avaliadas por algum órgão público do estado, o qual decidiu, por precaução, derrubar o prédio antes usado como salas de aula. Não sei se o que eu fiz foi certo ou errado, mas o fato é que eu e minhas colegas de trabalho, depois de algumas semanas, conseguimos levar nossos alunos para as salas de aula que antes estavam desocupadas. Sempre coloquei meus alunos em primeiro lugar, eles são o motivo do meu trabalho, da minha dedicação e de todo o esforço que faço para auxiliá-los na construção do seu conhecimento e na construção de um mundo mais justo e desigual.

Viviane Maus